A esmola como meio de negação do eidos mundano-temporal

Autores

  • Leandro Bertoncello

Resumo

A palavra esmola quer dizer dádiva, favor, oferenda, aquilo que se dá por caridade. Origina-se do latim eleemosyna e do grego ἐλεημοσύνη (piedade, esmola), de ἐλεήμων (misericordioso), de ἔλεος (piedade). Na Epístola Católica de São Tiago Apóstolo, consta que a religião pura consiste em dar esmolas e em conservar-se isento da corrupção deste século. Nos dias atuais, atomizados e supérfluos, a palavra esmola possui uma conotação esvaziada, reduzida ao dar uma moeda ao pedinte que nos para na rua. Porém, na Tradição Cristã, a esmola conserva o sentido de substância da vida espiritual, de orientação transcendental da vida, de ligação entre o tempo e a eternidade. É perder para ganhar, expressão do “sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito”. Para Heidegger o cuidado (Sorge) é essencial para o Ser-no-mundo estruturado na temporalidade e expresso na solicitude (Fürsorge), numa estrutura ontológica propensa à decadência (Verfallen). Mas, para Lima Vaz, a concepção da pessoa humana como expressividade a legitima como ser-para-a-imortalidade, realizado plenamente pelo dom de uma realidade transcendente. Pretende-se mostrar que a esmola, pela consideração das necessidades corpóreas e espirituais do outro, promove a invalidação da morte e a abertura à eternidade, pois “Deus é rico em misericórdia” (ἐλέει).

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

Bertoncello, L. . (2021). A esmola como meio de negação do eidos mundano-temporal. Annales Faje, 6(4), 23–32. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4949