NOS DOIS BRAÇOS DO MESMO RIO: A TRAVESSIA INTERIOR NA POESIA DE ADÉLIA PRADO E EM CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO
Resumo
Para além de um deslocamento geográfico, travessia é metáfora da transformação da subjetividade. Agostinho de Hipona (354-430) descreve em sua obra Confissões a travessia de sua vida interior. Confissões é uma autobiografia da transformação de um sujeito autocentrado que se reconhece como criatura dependente em conversão à graça de Deus. Se Agostinho materializa a abertura relacional em direção à transcendência por meio da confissão, a poetisa mineira Adélia Prado utiliza do esvaziamento existencial na experiência poética para dar corpo à sua travessia. Adélia assume a condição de criatura, de pobreza, que no ordinário da vida cotidiana permanece diante do Mistério. Teologia com poesia e poesia com teologia: ambos sinalizam que poética e a mística têm origem comum, movimento em direção à mesma fonte, como dois braços de um mesmo rio direcionados ao infinito.
Palavras-chave: Travessia. Adélia Prado. Santo Agostinho. Transcendência.