CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE ERRO EM HUMANO, DEMASIADO HUMANO: UMA INTERLOCUÇÃO ENTRE NIETZSCHE E SPIR
DOI:
https://doi.org/10.20911/21769389v52n162p49/2025Resumo
O presente artigo explora a teoria do erro em Humano, demasiado humano, buscando determinar qual o critério alçado por Nietzsche para se afirmar que tal e tal representação da moral, da religião ou da estética é enganosa. O critério fornecido por Nietzsche passa inevitavelmente por uma concepção correspondencialista de verdade. No caso de Humano, o erro estará alojado na não adequação entre nossas representações e a “natureza” ou “mundo real” (MA/HH 11). A interlocução fundamental de Nietzsche na matéria é Spir, filósofo que será aqui considerado como fonte. Exploraremos a interlocução com Spir sob o prisma do conceito de representação (condicionado), do conceito de erro e do papel do incondicionado princípio de identidade tal como articulado em Pensamento e Realidade (1877). O artigo identifica a posição parasitária de Nietzsche em relação às teses de Spir, por um lado alimentando-se do poder lógico-argumentativo em relação às teses metafísicas, por outro, rejeitando o estatuto do conceito de incondicionado. De Spir, Nietzsche extrai a tese da incompatibilidade entre a estrutura lógico-representacional e a natureza, entendida como verdade heraclitiana.
Palavras-chave: Nietzsche. Spir. Teoria do erro.