Ambiguidades do julgamento moral da política: uma crítica hegeliana
DOI:
https://doi.org/10.20911/21769389v45n143p461/2018Resumo
Nosso interesse é considerar a amplitude política que pode assumir a crítica hegeliana da moralidade subjetiva. Sabemos que esta não é circunstancial e tampouco anódina na obra de Hegel. Ludwig Siepp nota, com acerto, que a crítica hegeliana à moralidade, tanto na Fenomenologia do Espírito como nos Princípios da Filosofia do Direito, “mantém uma relação central com sua comÂpreensão da realidade” (2013, p. 183). Entretanto, embora momento fundamental no processo de mediação da liberdade, a posição moral, na medida em que se revela, na sua abstração formal, idêntica ao Bem que deve ser, mostra-se ambígua quanto à extensão de sua legitimidade. Esse equívoco é ainda mais problemático quando fazemos dela princípio de julgamento da ação política. Nossa posição é a de que essa extrapolação transfere para o campo do político o equívoco decorrente da dialética mesma da moralidade. Consideremos, primeiramente, o lugar que ocupa a moralidade no plano da Filosofia do Direito e seus limites críticos para, em seguida, examinarmos o problema decorrente da subsunção da política pelo julgamento moral.