O SIMPÓSIO

Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia promoverá, de 04 a 06 de outubro de2017, o XIII Simpósio Internacional Filosófico-Teológico, sobre o tema “Em Busca do Bem Comum: Política e Economia nas Sociedades Contemporâneas”.

Propor uma reflexão sobre o bem comum é tarefa inescusável, para iluminar a vidadas sociedades, numa época em que a busca pelo poder e pelo lucro parece dominar as relações entre as pessoas e os povos. O conceito de bem comum tem sido afirmado, porfilósofos e teólogos, como motor fundamental que deveria guiar as intenções e decisõesde quem vive em sociedade. Como nos recorda o Papa Francisco: “A dignidade de cadapessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda política e conômica” (Evangelii Gaudium, n. 203).

A análise filosófica distingue tres elementos na noção de bem comum. O primeiro emais evidente é o dos “bens da comunidade”, como suas riquezas, tradições culturais epatrimônios históricos. O segundo elemento, mais discutido, é o da “comunidade dosbens”, ou seja, como os membros de dada sociedade participam de modo equitativo dosbens possuídos, que mecanismos asseguram tal participação e como pensar, por exemplo,as tensões entre participação e privatização das riquezas de um país. O terceiro elementoé o normativo, ou seja, o “Bem” compreendido como meta que guiará a organização dosbens da comunidade, a fim de se criar uma comunidade de bens. Este terceiro elementosupera os âmbitos da economia, concebida como simples produção de riquezas, e dapolítica, enquanto gerenciadora dos conflitos sociais. Além disso, ele exerce uma funçãoarticuladora entre as riquezas (economia) e a sua distribuição justa (política). Trata-se doprincípio que conduz à ordem verdadeira na vida social, capaz de guiar as autoridades, osempreendedores e todos os membros da sociedade na promoção de uma maior “comunhão”.

Portanto, o conceito de Bem comum, em sua tríplice dimensão, atesta ainsuficiencia da abundância de riquezas de diversa natureza, para se criar uma ordemjusta, pois esta exige que todos participem equitativa e proporcionalmente nas riquezasda sociedade. Finalmente, a garantia de tal participação depende de uma dimensãonormativa superior, capaz de guiar todos os cidadãos e, sobretudo, as autoridades, noestabelecimento das instituições e das regras da justiça.

Naturalmente, este princípio superior foi considerado divino e identificado com oDeus revelado da tradição judaico-cristã, pela Teologia. Ou terá sido recolhido dos jardinsdas religiões e refletido no campo luminoso do pensamento? Seja como for, a2identificação do princípio da ordem social com o polo divino da realidade, e os diversosmodos como este se relaciona com o ser humano ou se apresenta espelhado no cosmos, écaracterístico da história política e econômica dos povos. Há, portanto, uma articulaçãoentre a reflexão filosófica sobre o bem comum e a reflexão teológica judaico-cristã quandoesta, por exemplo, se refere à Criação, ao Reino de Deus, à Justiça, ao cuidado com oórfão, a viúva e o pobre, à acolhida do estrangeiro, à Salvação e, enfim, à Sabedoria. Odesejo humano de criar uma ordem justa converge com a vontade divina de salvar ahumanidade.

Para explicitar esta convergencia, basta dar-se conta de que o mundocompreendido como dom da Criação e o cuidado deste dom, na busca de uma ecologiaintegral, podem inspirar os que buscam modelos de desenvolvimento sustentável. Alémdisso, para o cristão, o acontecimento da Revelação afirma a dignidade absoluta do serhumano, pois Deus se revela a todos e não apenas a um grupo privilegiado. O bem dasociedade, em consequencia, deve ser bem comum e as diferenças na participação dosbens devem encontrar limites institucionais que garantam sua justa distribuição. Eisporque práticas políticas e econômicas separadas da ética do bem comum contradizeminteiramente a visão cristã do mundo e todo pensamento crítico nela inspirado.Finalmente, nesta visão convergente entre o humano e o divino, desenvolvimento ejustiça não podem concernir apenas ao acúmulo e à distribuição de riquezas, mas devemorientar-se ao crescimento da liberdade e das capacidades dos cidadãos. A dimensãoespiritual do ser humano encontra-se em jogo na ação política e econômica.

O XIII Simpósio Internacional Filosófico-Teológico da Faculdade Jesuíta assume odesafio de promover o debate científico a respeito do problema atual da “Busca do BemComum”, no contexto de crises econômicas e políticas que afetam as sociedadescontemporâneas. Com esta finalidade, reuniremos pesquisadores de diversas áreas, noesforço de discernir seus variados eixos: histórico, filosófico, teológico, econômico,político, sociológico, ecológico. O horizonte das investigações é imenso, porém o objetivoé preciso: contribuir para o esclarecimento da crise espiritual que afeta nossas sociedades,com especial atenção nas dimensões econômica e política. Seria verdade, como afirmampesquisadores de múltiplas áreas, que nossas sociedades encontram-se mergulhadas emprocessos econômicos e políticos ilusórios ou violentos, a nos afastar da ordem do bem comum? Haveria, enfim, razões para se esperar um futuro melhor?

2. INSTITUIÇÃO PROMOTORA

Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) é desde 2005 a denominação do Centro deEstudos Superiores da Companhia de Jesus (CES), em Belo Horizonte, como instituição deensino superior, credenciada pelo Ministério da Educação. A mudança, formalizada pelaPortaria nº 3.383 de 17/10/2005 (D.O.U. 18/10/05), que aprovou a alteração doRegimento da Faculdade de Filosofia da Companhia de Jesus, foi motivada pelanecessidade de maior adequação formal deste centro academico às normas da educaçãosuperior nacional. A Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia passou, então, a serconstituída basicamente pelos Departamentos de Filosofia e Teologia.

Estes Departamentos academicos equivalem, sob o aspecto canônico, isto é da legislaçãoda Igreja Católica, às Faculdades Eclesiásticas de Filosofia e Teologia, que, enquanto tais,continuam a constituir o Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus. O Centrode Estudos Superiores da Companhia de Jesus, hoje de- nominado, enquanto instituiçãocivil, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, resultou da transferencia para BeloHorizonte em 1982, das Faculdades Eclesiásticas de Filosofia e de Teologia, mantidas pelaCompanhia de Jesus no Brasil e autorizadas a conceder títulos academicos em nome daSanta Sé. A Faculdade de Filosofia criada em 1941, em Nova Friburgo (RJ), foi transferidasucessivamente para São Paulo (SP) em 1966 e para o Rio de Janeiro (RJ) em 1975,instalando-se finalmente em Belo Horizonte (MG) desde 1982. A Faculdade de Teologia foifundada em São Leopoldo (RS) em 1949, onde permaneceu até ser transferida para BeloHorizonte, a fim de formar com a Faculdade de Filosofia um centro único de formação eestudos para os jesuítas de todo o Brasil, aberto para os membros da Companhia de Jesusde outros países e também para estudantes do clero diocesano, de congregaçõesreligiosas e leigos de ambos os sexos. A Congregação para a Educação Católica, órgão daSanta Sé, aos 05 de dezembro de 1983, aprovou os Estatutos do CES por quatro anos e,com data de 25 de julho de 1989, ratificou definitivamente a sua aprovação.

A Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia mantém cursos de graduação e pós-graduaçãonas áreas respectivas. O curso de graduação em Filosofia, bacharelado e licenciatura,autorizado por decreto de 31 de janeiro de 1992 (D.O.U. 03/02/1992) foi definitivamentereconhecido pela Portaria ministerial nº 164 de 22 de fevereiro de 1996 (D.O.U.23/02/1996), com renovação de reconhecimento dos Cursos de Bacharelado eLicenciatura em Filosofia Portaria ministerial nº1093 de 24 de dezembro de 2015 (D.O.U.30/12/2015). O Programa de Mestrado em Filosofia foi reconhecido pela Portaria nº 1.919de 03/06/2005 e começou a funcionar em março de 2006, sendo renovado em avaliaçãotrienal pelas Portarias nº 524, de 29/04/2008 e Portaria 1.077, de 31/08/2012. OPrograma de Mestrado em Teologia foi reconhecido pela CAPES/MEC desde 1997,4mediante a Portaria nº 1.432, de 02/02/1999 (D.O.U 03/02/1999), confirmada para ostrienios seguintes pelas Portarias nº 2.530 de 04/09/2002 (D.O.U 06/09/2002), quereconheceu o curso de Doutorado, e pelas portarias nº 2.878, de 24/08/2005 (D.O.U25/08/2005), nº 524, de 29/04/2008 e nº 1.077, de 31/08/2012. O Curso de Bachareladoem Teologia, já existente desde 1949 segundo a legislação eclesiástica, foi autorizado pelaPortaria nº 264 de 19/06/2006 (D.O.U. 20/06/2006) e reconhecido pela Portariaministerial nº 146 de 14 de Junho de 2011 (D.O.U. 15/06/2011) tendo sua renovação dereconhecimento pela Portaria Ministerial nº 268 de 03 de abril de 2017 (D.O.U.04/04/2017).

A Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE (CNPJ 17.211.202/ 0003-47) é mantidapela Associação Jesuíta de Educação e Assistencia Social (AJEAS), entidade civil sem finslucrativos e de caráter filantrópico, sediada em Belo Horizonte.

3. JUSTIFICATIVA

O Simpósio Internacional Filosófico-Teológico da FAJE tem conquistado, em seustreze anos de existencia, um lugar de crescente destaque na vida academica brasileira,assumindo a responsabilidade de promover a reflexão interdisciplinar sobre problemasfundamentais das áreas de Filosofia, Teologia e outras ciencias afins. Neste ano, nossosesforços de pesquisa e diálogo se voltam para a questão urgente da “busca do bemcomum”, no momento em que nossas sociedades atravessam grave crise em suasdimensões ética, política e econômica.

Entendemos que “a busca do bem comum” não é um tema de ocasião, quepoderia ser considerado ultrapassado por uma mudança no contexto social. Trata-se deuma tensão constante presente em todas as sociedades, desde que o tema da justiçacomeçou a ser formulado, respondido e atualizado nas leis e nas condutas dos povos. Noentanto, vivemos um período em que esta tensão ou dinamismo rumo ao bem comumatravessa um ponto crítico e, neste sentido, um processo de crescimento e de mudançaque poderia conduzir as sociedades contemporâneas a uma nova consciencia histórica doproblema.

A expressão “bem comum” encontra-se rarefeita na atmosfera de nossovocabulário, talvez porque nos desacostumamos de considerar a vida a partir do que é“comum” a todos, habituados ao discurso individualista contemporâneo. No entanto,multiplicam-se pensadores e atores sociais dedicados a renovar e reafirmar a evidentedimensão relacional do ser humano, trazendo-a de volta ao cotidiano. Esta recriação dosentido da expressão “bem comum” merece atenção e reflexão na vida academica, paraque o exame do discurso e da prática voltados ao comunitário traga maior lucidez ecoragem no enfrentamento da crise atual que afeta as sociedades. Do ponto de vistapolítico, encontramo-nos diante do desafio de modelos de governança dos bens comuns,que conduzam a sociedade a uma maior participação na geração e gestão destes bens. Doponto de vista econômico, assistimos à convergencia de esforços por uma economiaecológica, voltada à promoção dos bens renováveis como a criatividade humana e asnovas fontes de energia.

Justifica-se, desta forma, o esforço da Faculdade Jesuíta em reunir importantespesquisadores da cena nacional e internacional para levantar e esclarecer as raízeshistóricas e os desdobramentos contemporâneos da questão do “bem comum”.

O compromisso, sempre honrado, de oferecermos aos participantes a publicaçãoem meio eletrônico das pesquisas apresentadas, gerará subsídio de aprofundamento dotema estudado e de divulgação dos resultados das pesquisas aqui compartilhadas.

Parece-nos, portanto, justificado nosso pedido de apoio financeiro a este eventointerdisciplinar, pois: a) volta-se para tema de urgente importância academica e histórica;b) visa à formação responsável dos discentes participantes, vindos de várias instituiçõesdo Brasil e da América Latina; c) realiza publicação, em meio eletrônico, das conferencias,comunicações e artigos dos pesquisadores envolvidos no evento; e, finalmente, d)promove a discussão plural e respeitosa, porque se apoia na convicção de que a atençãocrítica à realidade, o diálogo cultivado com retidão e a força do argumento podemcontribuir para a tomada de decisões justas, no âmbito dos grandes problemas de nossotempo.

4. OBJETIVOS

  • Reunir professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduaçãointeressados na problemática do Bem Comum nas sociedadescontemporâneas;
  • Oferecer aos pesquisadores na área da interface entre Filosofia, Teologia eCiencias afins um espaço de diálogo interdisciplinar;
  • Divulgar e discutir as pesquisas em andamento, de modo a motivar o interessepelos aspectos metodológicos e críticos do debate em torno do tema;
  • Aprofundar as principais discussões atualmente em curso relativas à temáticado XIII Simpósio, de forma a oferecer um fórum de discussão de alto nível emnosso país.

5. METODOLOGIA

Tres séries de abordagens intimamente relacionadas nos guiarão em nossosestudos:

      a) Tres grandes conferencias colocarão as balizas históricas e teóricas do problemado bem comum, unindo-o à crise das sociedades contemporâneas. Estas conferenciassituam-se nos campos de estudo da Filosofia, da Economia, da Política e da Teologia.

      b) Quatorze seminários monotemáticos estarão voltados para aspectos maisespecíficos do tema ou abordagens particulares de grandes autores. O leque dos camposde estudo amplia-se para Filosofia, Economia, Política, Teologia, Sociologia e Direito.

     c) As comunicações oferecerão aos pesquisadores e aos pensadores aoportunidade de compartilhar o resultado de seus trabalhos, fornecendo aos presentesuma ampliação do horizonte deste campo de pesquisa.

Para a apresentação das Comunicações, os doutores disporão de 30 minutos,seguidos de 15 minutos de debate. Os não-doutores – mestres, especialistas e estudantesde pós-graduação – disporão de 20 minutos, seguidos de 10 minutos de debates.

Os trabalhos a serem submetidos à aprovação deverão obedecer às seguintes normas:

      a) Remessa do arquivo, contendo o resumo da Comunicação, exclusivamente pelosite do evento – www.faculdadejesuita.edu.br/simposio, até a data limite de04/08/2017.

     b) Os resumos devem conter no máximo 500 (quinhentas) palavras (só o resumo!).

As Comunicações serão selecionadas, em função dos resumos propostos, pelo ComiteCientífico, mantendo-se total anonimato a respeito dos autores. Só serão examinados osresumos que obedeçam as normas acima fixadas. O título e o autor, somente dasComunicações que forem selecionadas, serão divulgados no site do evento, até04/09/2017, sendo a aprovação transmitida aos respectivos autores por e-mail ou pelosite do evento.

A Comissão Organizadora