Nietzsche e as críticas à moral altruísta de Herbert Spencer
Resumo
RESUMO: Em sua obra The Data of Ethics [Os Dados da Ética] de 1879, Herbert Spencer aponta uma relação direta entre o desenvolvimento da vida social e individual e o aumento das assim chamadas “ações altruístas”. Segundo suas análises, um organismo e uma sociedade caminham em direção ao progresso e quanto mais avançam na direção da “perfeição” tornam-se mais “altruístas” se tornam. O mesmo pode ser dito das comunidades e das instituições sociais diversas. O altruísmo, segundo Spencer, acompanhará o progresso da humanidade e no futuro tornar-se-á um prazer a tal ponto que “o bem-estar pessoal dependerá da devida consideração pelo bem-estar dos outros” (SPENCER, 1888/2008, p.205). Nietzsche, que criticou duramente a moral altruísta de sua época, viu a doutrina de Spencer como uma espécie de repetição da moral judaico-cristã em termos científicos. O filósofo inglês teria sido incapaz de questionar o “valor dos valores” e de colocar a própria moral como problema. Ao utilizar-se das noções de vida e de progresso, Spencer pretendeu fundamentar um determinado tipo de moral, que Nietzsche chamou de a “moral escrava”. Nosso objetivo nesse artigo é apontar as principais críticas de Nietzsche a Spencer e os motivos que levaram o filósofo alemão considerá-lo um representante da “decadência” e da “mediocrização” do espírito europeu.
PALAVRAS-CHAVE: Altruísmo. Vida. Moral. Spencer. Nietzsche.