A realização ética do homem comum segundo a ética da tenacidade de Michel de Certeau
Resumo
Michel de Certeau, pensador jesuíta francês, possui uma obra ampla e marcada por contribuições originais em duas áreas distintas: a da mística e a da cultura. Neste artigo buscamos expor o pensamento ético do autor presente em suas obras sobre a cultura e a sociologia do cotidiano. Ao pesquisar o engajamento de pessoas comuns no cotidiano, De Certeau observou uma agência mais do que a presumida passividade dessas pessoas. O autor verificou a possibilidade de realização do indivíduo na simplicidade da vida diária. Identificou os procedimentos que eles operam para se apropriarem daquilo que recebem da cultura e do meio circunstante a seu favor para criar seu lugar próprio, denominados artes de fazer e artes de dizer. Estas artes são meios concretos e efetivos de as pessoas instaurarem a sua própria forma de vida. Inseridos numa cultura plural caracterizada por diferentes valores, os indivíduos cada vez mais agem de diferentes modos e buscam se realizar o quanto possível. Desvela-se uma nova ética a qual De Certeau designou por ética da tenacidade. Discutimos a noção dessa ética no quadro mais amplo da Ética filosófica, seu alcance e limites, ao mesmo tempo em que a inserimos na compreensão da dimensão ética da vida no pensamento do autor.