Masculinidade hegemônica no protagonismo ritual: a perpetuação na presidência da Eucaristia
Resumen
Para o Magistério da Igreja, Jesus teria decidido que presidir Eucaristia é “coisa de homens”. A partir de revisão bibliográfica, apresentamos os questionamentos dos teólogos Andrea Grillo e Isabel Corpas de Posada às argumentações contidas na Declaração Inter Insigniores (1976) e na Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis (1994), particularmente as que se referem às alegações sobre a exclusividade da presidência da Eucaristia por ordenados do sexo masculino. Em seguida, com o aporte sociológico de obras de Pierre Bourdieu e Victor J. Seidler, verificamos que essas alocuções magisteriais parecem reforçar traços de uma masculinidade hegemônica, de padronização cultural ocidental que perpetua a manutenção de estruturas patriarcais. Portanto, diante da pertinência dos questionamentos levantados por Grillo e Posada, articulados com o pensamento de Bourdieu e Seidler sobre construções humanas de masculinidade hegemônica, faz-se possível interpretar a recém atualização de criminalização com penalidade de excomunhão latae sententiae da ordenação presbiteral feminina, de acordo com o novo artigo §1379,3 do Código de Direito Canônico, como perpetuação do protagonismo ritual vigente na presidência da Eucaristia.