O luto de comunidades vitimadas a partir das mulheres: um olhar sobre Brumadinho
Abstract
A violência sistêmica faz vítimas inocentes e impactam a comunidade profundamente. O processo de libertação e superação do sofrimento gerado passa muitas vezes pelo emudecimento, pelas lágrimas, até mesmo pelo desespero e a falta de esperança. O luto experimentado por comunidades vitimadas pela injustiça é vivido de modo muito peculiar pelas mulheres que, com muita fidelidade, tornam-se fortes mesmo quando estão fragilizadas e vulneradas. A partir, principalmente, do pensamento de Carlos Mendoza-Álvares sobre o tema, por meio de pesquisa bibliográfica, busca-se aqui ler o processo de luto vivido pelas vítimas da tragédia-crime de Brumadinho fundamentalmente na perspectiva das mulheres daquela comunidade e, à luz da comunidade cristã primitiva, perceber como é possível passar desse luto à luta. Ao final, faz-se ver que de fato as mulheres da comunidade, assim como o foi na comunidade cristã primitiva, desde seu modo profundo de processar os acontecimentos aos gestos de cuidado de corpos de vítimas mortas e de seus sobreviventes, encontram forças a partir da causa que permanece viva. A partir do grito que denuncia, o luto cheio de pranto vai se convertendo em luta que gera engajamento comunitário, traduzido em poesia e celebração, refazendo a esperança perdida no meio da comunidade.
Palavras-chave: Luto. Mulheres. Brumadinho. Luta. Carlos Mendoza-Álvarez.