A essência do mundo da técnica e as possíveis formas de realização do ser em Heidegger

Autores

  • Christianne Viana

Resumo

Heidegger parte de sua crítica à metafísica tradicional apontando o autovelamento e esquecimento do Ser, como caminhos que se revelam desde a filosofia ocidental grega até dias modernos. Em 1953, na ocasião da Conferência de Munique, Heidegger, expos sua filosofia demonstrando que a Técnica e a Ciência moderna seriam, portanto, figuras acabadas desta metafísica. Heidegger demonstrou que é o próprio ser, que se revela na época moderna, com simples presença. Através da leitura de Heidegger, refletimos como o ser humano é introduzido nesta relação técnico-maquinador, que ressoa como controle e domínio das coisas, objetivando uma máxima eficiência. Nestes termos, Heidegger demonstra que a função da técnica, não é nenhum saber, senão a organização de correções do âmbito explicativo. Segundo ele, a humanidade transformou-se em lugar técnico, no qual estamos inseridos e entrevados. Desta forma, a possibilidade de real realização ficaria obsoleta e inautêntica, frente à razão calculadora que direciona ao esquecimento do Ser. Para tal reflexão, será utilizado a Pesquisa Exploratória da segunda fase de nosso autor, a qual as questões ético-políticas se apresentam com maior visibilidade. Nisto, espera-se a compreensão quanto ao lugar do ser-da-realização, também nos aspectos, pelo qual, esse sujeito se situa na sua relação enquanto ser social e político, e também enquanto indivíduo singular e seus possíveis desafios. Firmamos no argumento de que é imprescindível a atenção à questão, para não nos tornarmos escravizados por este modo-de-ser da técnica - onde a frieza se sobrepõe aos modos da empatia - distorcendo em muito a realidade do valor do ser. Heidegger demonstra, que é no dia-a-dia, que o ser humano se mostra “antes de tudo” e “na maioria das vezes”, em situações que envolvem o mundo-circundante (mais próximo ou familiar), o mundo-humano (da convivência com as demais presenças) e o mundo-próprio (relação do indivíduo consigo mesmo).  Todavia, não nos compete desvalorizar o que a técnica benfeitoria a humanidade. Provocamos o modo-de-viver do ser da técnica, que dispõe o ser humano para a perda do sentido verdadeiro da palavra contiguidade, assim como, também, nega a existência da empatia. Tal negação redireciona o ser humano para um lugar de desumanização e de embrutecimento das relações, nesse contexto, nos apropriamos de uma reflexão heideggeriana: “Esquecer a mais importante característica de nossa existência tem custado ao homem um alto preço, o preço de um mundo dominado pela atitude tecnológica”.

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Publicado

2020-12-09

Como Citar

Viana, C. (2020). A essência do mundo da técnica e as possíveis formas de realização do ser em Heidegger. Annales Faje, 5(2), 50–58. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4581