O bairro Jardim Felicidade - MG: Uma experiência de mobilização social, religiosa e ambiental (1987-2018)

Autores

  • Gustavo André Pereira de Azevedo

Resumo

A comunicação da presente pesquisa, ao abordar em perspectiva histórica a vida urbana contemporânea, visa reconstituir o processo de configuração socio-identitária do bairro Jardim Felicidade. Situado em região periférica da cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, o bairro surgiu a partir da mobilização de dezenas de famílias “sem casa”, sob a liderança da Igreja Católica progressista, no contexto político de redemocratização no Brasil, iniciado em 1985. Conquistando junto aos governos federal e municipal a desapropriação de uma antiga fazenda, então repartida em lotes, tais famílias deram início à construção de suas residências, em regime de mutirão, a despeito de não contarem com nenhum serviço público elementar (nem água/esgoto, nem luz, nem coleta de lixo etc). Junto com a edificação das casas, foram surgindo pequenos grupos dedicados a práticas religiosas, como a reza do terço. Aos poucos, juntamente com a criação de associações relativas aos direitos de cidadania e o surgimento de núcleos religiosos que fortaleciam o pertencimento ao bairro – a exemplo da paróquia São Francisco Xavier, a cargo dos jesuítas – a comunidade vivenciou o crescimento exponencial da localidade, hoje dotada dos serviços acima descritos e de outras conquistas também, como creches, praças, escolas, o título de propriedade entre outros. Todavia, em contrapartida, os moradores do bairro se veem defrontados com novos desafios, como a depredação das áreas verdes e a poluição do córrego Tamboril, principal córrego do bairro, que foi transformado em um esgoto a céu aberto, devido às ocupações ocorridas de forma irregular e ao descarte inadequado de lixo. Por procurar compreender tal historicidade do bairro, em termos teóricos, esta pesquisa entrecruza história social da cultura (incluindo-se aí a participação religiosa) e a história ambiental. E com o objetivo de reconhecer os moradores como os principais narradores de sua trajetória social, a metodologia adotada pauta-se na história oral, a ser realizada através de entrevistas, bem como da observação participante das atividades de organização e atuação social, privilegiando-se a dimensão ambiental. Ao considerar a relevância das várias perspectivas possíveis sobre a construção do bairro na trajetória da pesquisa, as entrevistas são necessárias para investigar, registrar e reconstruir o percurso percorrido pelos moradores, identificando os elementos simbólicos do bairro e verificando o que caracterizou sua luta comunitária engajada.

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Publicado

2018-11-20

Como Citar

Azevedo, G. A. P. de. (2018). O bairro Jardim Felicidade - MG: Uma experiência de mobilização social, religiosa e ambiental (1987-2018). Annales Faje, 3(3), 70. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4055