ÉTICA E RELIGIÃO

Resumo

O artigo estuda as relações entre Ética e Religião, tomando como termo de comparação determinadas características da experiência ética e da experiência religiosa, A primeira parte, inspirando-se em algumas categorias elaboradas por J. Habermas, descreve a experiência ética fundamental como experiência de um sentido universal traduzido numa práxis comunicativa que implica a exigência de um universal reconhecimento. Enquanto ética, essa práxis se definirá então como práxis libertadora. Na segunda parte a experiência religiosa é descrita tomando como ponto de partida as exigências emancipatórias da experiência ética. Ela é a radicalização dessas exigências na medida em que, sendo experiência do absoluto, acaba sendo igualmente o lugar onde se desvela a própria condição de possibilidade da experiência ética e, mais radicalmente, do existir do homem como ser histórico. As religiões históricas são assim caracterizadas como mediações dessa experiência religiosa fundamental. Na conclusão o A. mostra que a radicalização religiosa da experiência ética descobre finalmente no pobre e no oprimido a manifestação privilegiada do Sentido como liberdade absoluta presente na história.

SUMMARY: The article studies the relationship between Ethics and Religion, taking as a point of comparison some characteristics of ethical and religious experience. The first part, inspired by some categories elaborated by J. Habermas, describes the fundamental ethical experience as the experience of a universal meaning translated in a communicative praxis that implies the demand of a universal recognition. With regard to ethics, this praxis is defined then as a liberation praxis. In the second part the religious experience is described using as a point of departure the emancipative demands of the ethical experience. The religious experience is the radicalization of these demands in the measure in which, being an experience of the absoluta, it accomplishes being as well the place where it 'unveils its own condition of possibility of ethical experience and, more radically, of man's existing as an historical being. The historicaI religions are characterized in this way as mediations of this fundamental religious experience. In the conclusion the A. shows that a religious radicalization of the ethical experience disco vers finally in the poor and oppressed a privileged manifestation of the Meaning as absoluta freedom present in history.