O sacerdócio em uma Igreja sinodal

Resumo

Nas palavras de Jorge Costadoat, um grande empecilho para a sinodalidade é a “sacerdotalização” da Igreja, consequência direta da “sacerdotalização” do ministério ordenado. A “des-sacerdotalização” não só do ministério, mas da própria Igreja, converte-se, portanto, em repto urgente para uma Igreja, cujo rosto quer ser sinodal. Acolhendo a provocação do jesuíta chileno, neste breve trabalho pretendemos retomar as bases da função sacerdotal na Igreja e o que o Concílio Vaticano II ensina para seu exercício na atualidade. Em primeiro lugar, resgataremos a íntima relação entre sacerdócio e misericórdia, conforme exposto pelo autor da Carta aos Hebreus, na qual Jesus Cristo é reconhecido como Sumo Sacerdote por sua misericórdia, isto é, sua solidariedade para com suas irmãs e seus irmãos (Hb 2,17). Em segundo lugar, retomaremos a intuição fundamental dos textos conciliares que não restringem os ministérios, em geral, e o ministério ordenado, em particular, a serviços relacionados ao culto, mas os ampliam a todas as circunstâncias da vida; fiéis leigas e leigos e fiéis ordenados também exercem as funções profética e pastoral. Em terceiro e último lugar, destacaremos a vivência da comunidade, especialmente aquela nascida na América Latina a partir da Conferência de Medellín (1968), como caminho concreto para uma nova compreensão do múnus sacerdotal na Igreja. Como conclusão, perguntar-nos-emos pela pertinência de elementos que, embora adquiridos ao longo da história, não são próprios do sacerdócio e do ministério ordenado e têm se tornado um peso para as comunidades impedindo o florescimento da tão ansiada e necessária sinodalidade.

Palavras-chave: sacerdócio; misericórdia; ministérios; ministério ordenado.