Mesmo a treva não é treva para ti (Sl 139, 12a): a longa noite escura da COVID-19
Resumo
Este trabalho de pesquisa bibliográfica trata da emergência da pandemia da COVID-19 e propõe sua contextualização simbólica, dialogando com alguns autores que iluminam a travessia das trevas representadas pela pandemia. Assim, no percurso do texto introduz-se o simbolismo da noite escura, explorando as contribuições da teologia simbólica do jesuíta Charles André Bernard à presente abordagem. A noção teológica do Reino de Deus como utopia é levantada a partir da teóloga Maria Clara L. Bingemer. São consideradas algumas reflexões filosóficas e sociopolíticas sobre a pandemia, com destaque para os filósofos Slavoj Zizek e Byung-Chul Han, bem como para o sociólogo Boaventura de Sousa Santos. A articulação dos autores acima, entre outros, indica a imprescindibilidade da fé junto à razão no desafio pandêmico. Por último, fala-se da oração solene do Papa Francisco, em 27 de março de 2020, como testemunho de sua ação pastoral e profética frente à pandemia. Conclui-se que a noite escura da COVID-19 nos convida a começarmos a tecer um futuro no qual a solidariedade e a utopia, assim como a caridade, sejam os marcos orientativos das nossas vidas e das nossas sociedades.