Corpo, Sujeito Vulnerável e Pós-Modernidade Teológica

Autores

  • René Dentz

Palavras-chave:

Corporeidade, Vulnerabilidade, Pós-Modernidade.

Resumo

Abordar a Pós-Modernidade é abordar a verdade sob outras perspectivas em que verdade e mentira não passam de valores metafísicos porque assim se fazem por oposição (de valores). Uma vez que se determina Deus como verdade e se a Razão é a condição necessária para a tal, tudo segue essa determinação inicial, sem variação. Trata-se do triunfo do sujeito cartesiano, a priori, pré-concebido. Contra isso, afirma Nietzsche (2010) que o corpo é uma multiplicidade com único sentido, uma guerra e uma paz, um rebanho e um pastor. Assim, a dor emerge da interação de corpos, mentes e culturas, construções simbólicas que estabelecemos.  É muito válido constatar que a dor supera a dicotomia cartesiana de mente e corpo: ela afeta as duas dimensões de forma simultânea, atingindo a totalidade do ser humano.  O corpo mantém em si a memória do sofrimento. A partir da experiência da dor, cria uma percepção e elabora conhecimento. Afirma Merleau-Ponty (1990) em sua teoria da percepção que, do mesmo modo que meu corpo, como sistema de minhas abordagens sobre o mundo, funda a unidade dos objetos que percebo, do mesmo modo o corpo do outro, como portador das condutas simbólicas e da conduta do verdadeiro, afasta-se da condição de um de meus fenômenos, propõe-me a tarefa de uma verdadeira comunicação e confere a meus objetos a dimensão nova do ser intersubjetivo ou da objetividade. Nesse ponto, chegamos a uma atestação necessária à teologia na pós-modernidade, aquela de Sujeito Vulnerável. Esse conceito, bem interpretado, nos permite pensar em quatro aspectos da vulnerabilidade: o desencantamento do mundo; a consciência de exclusão vivida; o desmantelamento da onipotência; e, por último, o projeto sociopolítico que desencadeia. Segundo MENDOZA (2011) é a partir da assunção da própria vulnerabilidade que o sujeito (fraco) começa a mostrar outro rosto para além da aparência anódina que o etiquetava numa primeira impressão. Assim começa a gênese de uma presença para si mesmo de caráter proativo, marcada pela tomada de distância com respeito aos sistemas de totalidade e sua influência nos mecanismos da própria subjetividade. 

Downloads

Como Citar

Dentz, R. (2015). Corpo, Sujeito Vulnerável e Pós-Modernidade Teológica. Pensar-Revista Eletrônica Da FAJE, 6(2), 195–204. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/pensar/article/view/3424