“Nem entre lobos e ovelhas existe conciliação”, mapeando a influência de Homero na formulação da moralidade senhor-escravo em Nietzsche

Autores

  • Daniel Russi Reilly

Resumo

RESUMO: O legado da civilização grega é um dos temas mais proeminentes na obra de Nietzsche. Entre eulogias a Heráclito e denúncias contra Sócrates, o nome de Homero ganha destaque. Mencionado inúmeras vezes nas suas composições, o autor é frequentemente encontrado ao lado das principais teses concebidas pelo filósofo. Com base neste destaque concedido a Homero, é investigado em que medida as referências ao poeta chegaram a influenciar a reflexão sobre a moral de senhores e a de escravos exposta na primeira dissertação da Genealogia da Moral. Assim, evidencia-se a importância do agonismo na obra de Homero, o qual, para Nietzsche, se refere a uma forma de rivalidade considerada indispensável para a formação de uma moralidade saudável. Portanto, segundo o filósofo, o conflito é elemento crucial na compreensão do desenvolvimento moral das sociedades, percebido como um redirecionador do antagonismo social destrutivo transformando-o em exibições públicas competitivas, vistas por Nietzsche como socialmente integrativas, pois afirmam, a partir de regras sancionadas pela comunidade, a legitimidade da busca pessoal por prestígio. Assim, infere-se a estreita relação entre agonismo e moralidade de senhores e escravos: enquanto os valores nobres são expressos na competição, os valores plebeus buscam suplantar o conflito que os ameaça existencialmente.

PALAVRAS-CHAVE: Nietzsche. Homero. Agonismo.

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Publicado

2024-04-09

Como Citar

Reilly, D. R. (2024). “Nem entre lobos e ovelhas existe conciliação”, mapeando a influência de Homero na formulação da moralidade senhor-escravo em Nietzsche. Annales Faje, 9(1), 90. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/5589