Para que o homem em tempo indigente? Reflexões sobre o lugar da filosofia diante da inteligência artificial
Resumo
Na elegia Pão e Vinho, Hölderlin expõe a indigência experienciada pelo homem quando, ao ser abandonado pelos deuses, em vez de clamar pelo divino, sente-se capaz de viver sem a manifestação do sagrado. Todavia, ao se afastar do transcendente, o homem sente a necessidade de encontrar um terreno estável que lhe sirva de guia diante da relatividade da realidade concreta; sente, portanto, a necessidade de uma espécie de experiência religiosa substituta. Assim, o profano passa a ser sacralizado. Na era da inteligência artificial, quando a técnica engendra um conflito entre o homem e sua própria criação, a sacralização do logos – do pensamento científico, racional – ultrapassa a razão humana, alcançando o inanimado. Quem pensará nestes tempos? Somente a máquina? Para que servirá o homem? À luz desses questionamentos, busca-se nesse texto compreender a importância do pensar filosófico na contemporaneidade. Para tanto, utiliza-se revisão bibliográfica. Ao longo deste estudo, vê-se que o saber enciclopédico, per se, não faz o homem, que também se delineia a partir do questionar, do sentir, do encontro íntimo com Deus, consigo mesmo e com seus semelhantes. Sob essa lente, a filosofia, ao evidenciar que a mera razão não sustenta toda a complexa experiência humana, desafia-nos ao desprendimento da visão cientificista hoje ainda hegemônica.
Palavras-chave: Inteligência artificial. Filosofia. Razão humana. Sagrado e profano. Tempo indigente.