Lima Vaz e a relação mística e política

Autores

  • Francisco José da Silva

Resumo

Pretendemos discorrer neste ensaio sobre a questão da relação entre Mística e Política, tal como discutida pelo filósofo Henrique Cláudio Lima Vaz, em seu livro “Experiência Mística e filosofia na tradição ocidental” (2000), tendo como objetivo essencial entender os riscos da assimilação ou redução da Mística à Política e, consequentemente sua degeneração. Lima Vaz parte da reflexão sobre o pensamento do escritor francês Charles Peguy (1873-1914) no tocante a tal degradação da mística em Política e a perversão da consciência cristã. A absolutização ideológica do político, conduz a uma perversão da chamada experiência mística cristã, que se degenera e reduz a uma demanda da imolação e sacrifício em nome dos novos ídolos da classe, da raça e nação. Desta forma, à luz da abordagem de Lima Vaz em sua reflexão hermenêutico-histórica de nosso tempo, percebemos nos fenômenos políticos recentes a exacerbação dessa suposta “mística Política” que exalta figuras com perfil populista e autoritário a condição de verdadeiros seres infalíveis, em detrimento inclusive da racionalidade, diante da experiência religiosa que se encontra em profunda precariedade, seja pela dissolução provocada pela sociedade da informação, seja pelo desencanto dos aspectos racionais e democráticos da vida Política. Concluímos nossa abordagem com uma reflexão sobre a relação entre Profecia (Mística profética) e Política, como uma forma de entender o papel crítico do profetismo (antigo e contemporâneo) em relação a tal assimilação da Mística à Política.

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Publicado

2020-12-09

Como Citar

Silva, F. J. da. (2020). Lima Vaz e a relação mística e política. Annales Faje, 5(2), 20–30. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4578