O olhar steniano sobre os caminhos de interioridade de Teresa d'Ávila

Autores

  • Soraya Cristina Dias Ferreira

Resumo

A linguagem do vivido apresentada por Teresa D'Ávila (1515-1582), no século XVI, em seu Livro da vida (1565), e nas analogias simbólicas do livro Castelo Interior ou moradas (1577), é acolhida e refletida no mundo contemporâneo por diversas áreas das Ciências Humanas, no universo plural das Ciências da Religião e pela Teologia. Seus escritos comunicam experiências que revelam caminhos de interioridade, percalços da vida relacional e uma intimidade cristã acalentada pelo encontro com a verdade. As obras teresianas não passaram despercebidas pelo olhar da fenomenóloga Edith Stein (1891-1942) que, na incessante busca pela almejada verdade, encontra no método husserliano a fundamentação científica que norteará - ininterruptamente - sua forma de escavar as profundidades do eu. E encontra, na via mística de Teresa D'Ávila, não só aportes a serem sustentados em sua Antropologia Filosófica, mas “portas de acesso” que a ajudam a consolidar fundantes mudanças, já demarcadas ao longo de sua trajetória acadêmica como membro do grupo husserliano em Gotinga, porém concretizadas em suas escolhas vivenciais que delimitam diferentes posicionamentos diante do fenômeno religioso: judia, ateia, católica-carmelita. Esse salto para vida carmelitana nutre a fé e a dimensão intelectiva de Edith Stein, pois em seus estudos sobre a dimensão físico-psíquico-espiritual a busca pela essência da alma exerce fascínio. Essa comunicação segue o método fenomenológico e tem como intencionalidade investigar as ressonâncias que os Caminhos de Interioridade de Teresa D'Ávila deixaram no ser pessoa de Edith Stein/Teresa Benedita da Cruz ao escolher o Carmelo Descalço como “modelo” de seguimento cristão. Verificar-se-á que o itinerário existencial e acadêmico de Edith Stein nos apresenta uma trajetória de busca pelo conhecimento da formação humana a caminho de um Centro mais Profundo. Sempre conciliando o dinamismo do mundo externo com o acolhimento de sua interioridade, como tentativa de se chegar à verdade almejada. Nos escritos de Teresa D' Ávila, Edith Stein encontra o entendimento das moradas do “sentido” que livremente conduzem o humano a certas profundidades do eu, onde o “néctar” existencial transborda, exala “o perfume” desvelando a essência da alma, ou seja, o entrar em si mesmo para, assim, permanecer além de si em um certo centro mais profundo. 

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Publicado

2019-11-26

Como Citar

Ferreira, S. C. D. (2019). O olhar steniano sobre os caminhos de interioridade de Teresa d’Ávila. Annales Faje, 4(3), 22–31. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4311