Os desafios da pastoralidade: tensão e dialética entre teologia e pastoral

Autores

  • José Flávio Mamende

Resumo

Este artigo tem como objetivo discorrer sobre os desafios da articulação entre pastoral enquanto práxis em diálogo com a teologia pastoral na sua forma acadêmica. Essa articulação que se chama dialética torna-se mais desafiadora devido às polarizações pelas quais passa a sociedade hodierna. De fato, as polarizações são baseadas no fundamentalismo e no fechamento às inovações e criatividades pastorais, bem como no acentuado subjetivismo e intimismo religioso advindos de posturas conservadoras e neopentecostais. Propõe-se como caminho para pastoralidade atual uma dialética entre praxiologia pastoral e reflexão teológica. A pastoral na sua praticidade elabora perguntas em diálogo com a teologia, que por sua vez ilumina a pastoral dando embasamento para a sua atuação. Toda teologia é pastoral e torna-se prática no confronto entre a mediação da ciência como reflexão sistemática e o exercício da vida pastoral. A ação pastoral na sua praticidade reverbera o encontro entre a figura do teólogo e do pastor. Desse modo, teologia e pastoral põem-se a serviço da mesma causa que é a evangelização. Essa tensão é mantida pela síntese entre a reflexão existencial e a teologia acadêmica. Por isso, a teologia pastoral leva em consideração a práxis de Jesus de Nazaré, pois tanto a reflexão teológica como a ação prática tendem ao anúncio de Jesus Cristo. Portanto, o caminho para uma pastoral na atualidade passa necessariamente pela interação entre teologia e prática pastoral. Faz-se necessário colocar o programa de Jesus Cristo na ação pastoral, valorizando a criatividade dada pelo Espírito Santo. A ação pastoral está condicionada à eclesiologia que se quer implantar e, por conseguinte à vivência da fé advinda da concepção cristológica desenvolvida, isto é, às imagens de Jesus Cristo que estruturam a vida pastoral e eclesial. A pastoral não deve se tornar produto do momento desenvolvendo posturas emocionalistas e espiritualistas. Entretanto, caminhos como espiritualidade e profetismo não podem ser esquecidos para o amadurecimento e o seguimento a Jesus Cristo. É neste sentido que a pastoral deve ser iluminada pelo diálogo, evitando posturas reducionistas e exclusivistas. O encantamento pela pessoa de Jesus se dará normalmente por uma pastoral que contemple como programa evangelizador a missionariedade, a esperança e a alegria.

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Publicado

2019-11-22

Como Citar

Mamende, J. F. (2019). Os desafios da pastoralidade: tensão e dialética entre teologia e pastoral. Annales Faje, 4(2), 111–120. Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/4302