A opção pelos pequeninos: aspectos convergentes entre Medellín e a atuação de dom Luciano Mendes de Almeida na Pastoral do Menor

Resumo

A presente comunicação possui como intento principal discorrer sobre alguns aspectos relacionados à causa do Menor no Brasil, a partir do episcopado do jesuíta dom Luciano Mendes de Almeida, bispo-auxiliar de São Paulo (1976 – 1988), arcebispo de Mariana (1988 – 2006) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1987 – 1995). Nesse sentido, pautando-se na perspectiva que a opção pelos mais pobres e marginalizados perpassou todo seu ministério pastoral, com grande ênfase na situação do Menor, pretende-se, ainda que sucintamente, cotejar algumas abordagens enfatizadas em Medellín, no que tange essa discussão, com determinadas ações do arcebispo por melhorias na vida de tantas crianças e adolescentes. Em termos metodológicos, utilizou-se, como fontes prioritárias desta pesquisa, documentação primária cedida pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de Mariana (e então organizada em banco de dados), jornais da Arquidiocese de Mariana (O Arquidiocesano e O Pastoral), o documento produzido em Medellín, além de entrevistas com agentes da Pastoral do Menor da Arquidiocese de Mariana. Nessa perspectiva, essas diferentes fontes serão contextualizadas na historicidade de produção (que sujeitos a elaboraram, por que o fizeram, em que correlações de forças) e interpretadas em suas afirmações, silenciamentos e contradições. Teoricamente, a pesquisa embasou-se na leitura de Michel de Certeau acerca das “táticas dos fracos”, buscando-se perceber as várias práticas pastorais adotadas pela Pastoral do Menor para manter-se atuante em ambientes geralmente caracterizados pela crítica, pela desconfiança e até pela perseguição de instâncias governamentais e até de certos representantes eclesiásticos. Diante disso, sugere-se, como hipótese, a influência direta do que foi produzido em Medellín na atuação de dom Luciano em diversas esferas, inclusive na defesa do Menor, uma vez que para o arcebispo, pastoralmente embasado nos princípios da dignidade humana e da filiação divina, a criança apresentava-se como prioridade absoluta.