JESUS: DEUS EM “CARNE E OSSO”

Autores

  • Paulo Antônio Couto Faria

Resumo

A expressão popular que dá título a esta comunicação está em perfeita coerência com o itinerário do termo “carne” no evangelho de São João, ao referir-se à presença “plena” de Deus em Jesus. Esta é uma das inferências que se pode retirar dos aportes exegéticos de Xavier Léon-Dufour e Johan Konings, ao tratarem do quarto evangelho. Apresentamos num primeiro momento, a “carne” como categoria chave da mística Joanina. O evangelho espiritual, como é comumente conhecido, apresenta, em primeiro plano, a “carne” de Jesus como acesso único ao seu Espírito. Não há, portanto, como acessar a mais alta realidade espiritual ou mística fora do corpo. O Espírito é glorificado na Carne, reforçando a mútua imbricação entre corpo e espírito, característica da antropologia teológica cristã. Segundo Paula Sibilia, o corpo, hoje, se encontra sob o bombardeio das mais diversas técnicas de potencialização, promovido pela tecnociência.  Estas intervenções são possíveis na medida em que o corpo é esvaziado de espírito. É “coisificado”. Segundo a antropologia teológica Joanina, iludem-se aqueles que julgam intervir no corpo sem alterar o espírito. Deste ponto é que saem as delicadas questões éticas, alvos de intensos debates e controvérsias. Com intenção de provocar a reflexão concluiremos com questões do tipo: haveria como pensar teologicamente e espiritualmente o corpo no sentido técnico-científico? O corpo técnico é um corpo vazio, ou habitado por outra forma de compreender a dimensão espiritual? Como a antropologia teológica, de posse das indicações Joaninas, poderá dialogar (ou não!) com uma antropologia advinda das constantes, e desejada, mutações do corpo pela técnica?

Downloads

Publicado

2016-11-23

Como Citar

Couto Faria, P. A. (2016). JESUS: DEUS EM “CARNE E OSSO”. Annales Faje, 1(1). Recuperado de https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/view/3595