O SIMPÓSIO

XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL FILOSÓFICO-TEOLÓGICO – FAJE

 

IX SIMPÓSIO INTERNACIONAL DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO - PUC Minas

 

1. Título: Francisco e as interpelações do tempo presente.

 

2. Ementa:

 

A Faculdade Jesuíta e a PUC Minas promoverão, de 20 a 22 de outubro de 2021, o XVI Simpósio Internacional Filosófico-Teológico da FAJE & IX Simpósio Internacional das Ciências da Religião PUC Minas, com o tema “Francisco e as interpelações do tempo presente”. 

 

A sociedade atual assiste a vários retrocessos, como a sobreposição da economia sobre a política, o desprezo pela tradição, novas formas de colonização cultural, a política dissociada do bem comum, a cultura imediatista, a falta de projetos comuns, o esgotamento de recursos, a cultura do descarte, discriminações de todo tipo, a escravidão, a violência, a cultura de muros, o tráfico de pessoas, o isolamento, a perda de contato com a realidade, a diluição do respeito pelo outro, o individualismo, a manipulação das consciências... Diante desse cenário, crescem a desesperança, a desconfiança, os sentimentos de solidão, a frustação, o fracasso, a indiferença e a acomodação. 

 

Em contraposição à realidade marcada pelas “sombras de um mundo fechado”, por “sonhos desfeitos em pedaços”, o Papa Francisco nos convoca a assumir novos caminhos. O seu magistério descortina percursos de esperança. Ele se constitui como um chamado. Somos convidados a assumir um estilo de vida baseado na dignidade fundamental de cada ser humano, verdade inquestionável para as pessoas de boa vontade. Para isso precisamos reconhecer que as conquistas diárias dependem de um itinerário. Elas se opõem a todo tipo de acomodação e estão ancoradas na certeza de que a realização e o desenvolvimento de cada ser humano dependem do sincero dom de si, por ter sido criados por amor. O amor deve ser compreendido como processo e crescimento. Portanto, a ruptura do egoísmo e do isolamento tornam-se desafios diários, na medida em que os sonhos são refeitos e a fragilidade e a vulnerabilidade humana são protegidas. A prática do discernimento e do acompanhamento cuidadoso tornam-se exigências nesse processo de integração pessoal e social. 

 

Ao propor o tema “Francisco e as interpelações do tempo presente”, o Simpósio da FAJE e da PUC Minas pretende ir além do simples exame e compreensão do magistério de Francisco. Trata-se, na verdade, de um esforço ainda mais fundamental. Propõe-se, a partir do magistério papal, discutir e discernir caminhos que nos conduzam ao bem comum e à paz social. O ponto de partida são os quatro princípios propostos por Francisco no quarto capítulo da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium que servirão de baliza para nosso esforço de fazer ecoar os caminhos de esperança intuídos por ele. Os quatros princípios são: 1) O tempo é superior ao espaço; 2) A unidade prevalece sobre o conflito; 3) A realidade é mais importante do que as ideias e; 4) O todo é superior às partes. Estes princípios salientam a importância dos processos como respostas às tentações do imediatismo, da paralização, da superficialidade. E nos convidam para a construção de uma comunhão na diferença, segundo o modelo do poliedro. Salientam também a importância de sair do mundo das puras ideias e de lutar contra a tentação de substituir a ginástica pela cosmética, de reduzir a política ou a fé à retórica. Aqui somos chamados à prática, ou seja, trazer à realidade a Palavra, a passar dos idealismos e nominalismos formais e ineficazes à simplicidade e à objetividade harmoniosa. As palavras são conceitos vazios “enquanto nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima que seja e enquanto houver uma pessoa descartada” (Fratelli Tutti, 110). É inegável que “crescemos em muitos aspetos, mas somos analfabetos no acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas” (Fratelli Tutti, 64) 

 

Para alcançar o objetivo proposto, as atividades do Simpósio se articularão ao redor de três eixos: Economia, Educação e Fraternidade. Para o Papa, a humanidade não tem futuro se não se afirmar a partir da perspectiva do comum. Caso contrário, enfraquece-se o sentimento de pertencer a uma mesma família humana, o sentimento de estarmos na mesma barca, a consciência necessária da inviolável dignidade humana, do valor da pessoa “sempre e em qualquer circunstância” e de que “tudo está interligado”. A indiferença se combate com solidariedade e serviço. Esse é o modo como pensamos e agimos “em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns” (Fratelli Tutti, 116). Somos “convidados a encontrar-nos em um ‘nós’ mais forte do que a soma de pequenas individualidades”. Pensar em todos é o único modo de pensar em cada um. Não nos salvamos sozinhos. Ou somos todos salvos ou não se salvará ninguém. Essa consciência supõe discernir caminhos que tornem possível o desenvolvimento de uma economia que esteja a serviço do bem comum, de uma sociedade fraterna e de uma educação integral e humanizadora.