APRESENTAÇÃO

Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia realizou, entre os dias 2-4 de outubro de 2019, seu XIV Simpósio Internacional Filosófico-Teológico, que abordou o tema Humanismo em tempos sombrios: Tradições, Cenários e Perspectivas. Retomo a seguir alguns dos argumentos que nortearam a realização do evento, indicando, em seguida, como foi realizado e que textos, enviados pelos autores, compõem esses Anais.

O simpósio de 2019 revisitou a questão do Humanismo sob três pontos de vista: (1) Humanismo e Transcendência, que, mais que fixar-se nas questões debatidas nas décadas de 1940-1960, quis aprofundar a relação entre ser humano e transcendência no contexto pós-metafísico; (2) Humanismo e Crítica Social, que buscou pensar o contexto no qual vive o Brasil e a América Latina, que reproduz, por um lado, certas dinâmicas do contexto mundial, no tocante à desconfiança com relação aos direitos humanos e aos “descartados” pelo sistema econômico hegemônico, o fechamento ao diferente, por ser estrangeiro, pertencer a outra etnia, religião ou orientação sexual, e propõe, por outro lado, experiências contra-hegemônicas no micro da vida e que podem iluminar o conjunto da sociedade; (3) Humanismo e Cultura do Encontro, que buscou refletir sobre as provocações e contribuições do Papa Francisco à realização de um autêntico humanismo solidário para nossa sociedade hoje, tão polarizada e tão dividida. 

As atividades do Simpósio se articularam ao redor desses eixos. Três Conferências ofereceram as balizas para a discussão da temática geral: 1. a do filósofo Paul Gilbert, da Pontifícia Universidade Gregoriana (PUC), com o título “Sartre, Heidegger e nós. Fenomenologia, ontologia e tecnologia”; 2. a do teólogo Leonardo Boff, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o tema “A visão do ser humano e o humanismo a partir do novo paradigma cosmogênico”; 3. e a do filósofo Paul Valadier, das Facultés Jésuites de Paris – Centre Sèvres, com o tema “O humanismo integral segundo o Papa Francisco”. Quatro Painéis de discussão permitiram um diálogo entre os conferencistas presentes e o público: 1. “Críticas ao humanismo antropocêntrico”, do qual participaram Luis Carlos Susin, da PUC RS, e Ibraim Vitor de Oliveira, da PUC Minas; 2. “Humanismo e ciências humanas”, do qual participaram Maurício Abdala, da UFES, e Carlos Roberto Drawin, da FAJE; 3. “O humanismo no Papa Francisco, do qual participaram Dom Joaquim Mol, da PUC Minas e Eugenio Rivas, da FAJE; 4. “Humanismo e direitos humanos”, do qual participaram João Batista Moreira Pinto, da UFPB/ESDHC e José Luis Quadros, da PUC Minas. Os seguintes Seminários, versando sobre aspectos desses eixos, foram oferecidos, permitindo um maior aprofundamento dos distintos aspectos da temática do simpósio: 1. “História do Humanismo”, por João Mac Dowell, da FAJE; 2. “Raízes bíblicas do humanismo cristão”, por Aíla Pinheiro de Andrade, da UNICAP; 3. “O humanismo do outro homem segundo Emmanuel Lévinas”, por Nilo Ribeiro Junior, da FAJE; 4. “Humanismo e cultura digital”, por Moisés Sbardelotto, da Unisinos; 5. “Humanismo e modelo econômico”, por Élio Gasda, da FAJE; 6. “Humanismo e pensamento pós-metafísico”, por Alice Mara Serra, da UFMG; 7. “Humanismo e questão penal”, por Andrea Bahury, da ESDHC; 8. “Humanismo e cultura do encontro”, por Jaldemir Vitório, da FAJE; 9. “Afecção e razão”, por Paul Gilbert, da PUG, Roma (seminário oferecido em italiano). Várias Comunicações ofereceram aos pesquisadores oportunidades de compartilhar o resultado de seus trabalhos, enriquecendo a reflexão e disponibilizando-a ao público.

Do ponto de vista formal, a organização do evento havia dado orientações precisas sobre a publicação dos textos escritos. Nem todos, porém, seguiram essas orientações, sobretudo os que enviaram textos de conferências, painéis e seminários. Mesmo assim, os textos estão sendo publicados no formato que vieram. Quanto ao conteúdo dos textos, são de responsabilidade dos autores. A organização do simpósio se ocupou apenas com a diagramação, seguindo o máximo possível as orientações iniciais. Infelizmente, nem todos enviaram seus textos. Mesmo assim, publicamos os que foram enviados. Os textos das conferências em francês são publicados no original e tradução.

Não poderia deixar de mencionar o aporte financeiro da CAPES, sem o qual o Simpósio não teria acontecido. O CNPq, apesar de ter aprovado recursos para o evento suspendeu sua liberação. É necessário ainda mencionar o apoio das livrarias Paulus, Paulinas, Vozes, Loyola e da agência Solare, que contribuíram, sobretudo, com canetas, blocos, livros a serem doados aos conferencistas, painelistas e quem ofereceu seminário.

Convido à leitura desse rico material, que nos permite comunicar a riqueza do que é produzido na academia a um público mais extenso, nesta interface importante que é necessário estabelecer entre a pesquisa, a produção acadêmica e os distintos públicos. 

 

Geraldo De Mori – Coordenador da Comissão Organizadora.