ESBOÇO DE UMA FENOMENOLOGIA DA CONSCIÊNCIA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.20911/21769389v48n150p123/2021Resumo
Este artigo lida com o diálogo construído com base em um conjunto de três textos: 1) A Fenomenologia do espírito (1807) de Hegel (1770-1831), mais especificamente, os subcapítulos VI. C. a. A visão moral do mundo (Die moralische Weltanschauung), e VI. C. b. A dissimulação (Die Verstellung) do capítulo VI. O espírito certo de si mesmo. A moralidade (Der seiner selber gewisse Geist. Die Moralität); 2) o comentário (1972) a estes subcapítulos feitos por Lima Vaz (1921- 2002) e 3) o conto de Guimarães Rosa (1908-1967) O recado do Morro (1956). Este conjunto aborda três temas: i) moralidade e natureza, ii) percepção da realidade tal como ilustrada pelas figuras da consciência e iii) a totalidade, racionalmente organizada, dessas figuras da consciência. Eles serão investigados pelos conceitos de a) moralidade e felicidade, b) figuras da consciência e c) silogismo dialético. O resultado desse entrelaçamento conceitual é a interpretação de O recado do morro de Rosa como uma leitura da cultura brasileira em suas diferentes figuras da consciência, desde sua manifestação mais baixa até sua forma mais avançada: um esboço da fenomenologia da consciência brasileira. Segundo esta leitura, a mensagem comunicada pelo morro, inicialmente captada por Gorgulho, obtém sua correta interpretação por seu destinatário, Pedro Orósio, com a ajuda da arte. Além disso, como uma obra de arte, o próprio texto de Rosa O recado do morro, no amplo contexto da cultura brasileira, é uma espécie de metateoria de o que experiencia o destinatário da mensagem em seu processo de educação: acesso à verdade pela mediação da arte.